Bancos começam a testar o Drex no Brasil; saiba como vai funcionar o projeto-piloto do real digital

Nesta semana o Banco do Brasil, Caixa Econômica e outras instituições financeiras começam a testar o Drex – nova moeda digital do país – que deve estar disponível para a população entre 2024 e 2025.

Considerada como um “parente” do Pix, o Drex é uma moeda CBDC (Central Bank Digital Currency em inglês), que significa, em tradução livre, moeda digital do banco central. Ou seja, no país, é regulamentada pelo Banco Central (BC).

Na semana passada, os bancos Sicoob, Sicredi, Ailos, Cresol e Unicred já emitiram os primeiros tokens do real digital e os testes consistiram na simulação da conversão do saldo da reserva bancária de uma instituição financeira para a sua carteira do real digital.

Segundo o Banco do Brasil, a instituição instalou o nó validador que permite iniciar o projeto-piloto da moeda. Com isso, a partir de agora, será possível criar os tokens que vão permitir a simulação de transações com outros bancos e instituições para conferir se a viabilidade do uso da moeda digital.

Já a Caixa informou que participará dos testes por meio de um consórcio entre o banco estatal, a Microsoft e a Elo. No projeto-piloto, será testada a configuração de infraestrutura e conexão, emissão da nova moeda, token do real digital e emissão de títulos federais por meio desses tokens.

A presidente da Caixa, Maria Rita Serrano, afirma que a participação do banco estatal é importante por causa do amplo atendimento da instituição em todo o país, com presença do banco em 99% dos municípios brasileiros por meio de 26,9 mil pontos de atendimento.

overlay-cleverAlém disso, a Caixa é o maior banco da América Latina, com mais de 150 milhões de clientes e R$ 1,6 trilhão em ativos administrados, e o principal parceiro do governo federal em programas sociais, de transferência de renda e de inclusão financeira.

Objetivo do projeto-piloto

Neste primeiro momento de testes, o Banco do Brasil quer saber se o Drex pode ser negociado em grande escala, se as operações entre instituições serão possíveis, além de garantia de segurança e privacidade no uso da moeda virtual.

Essa fase de testes deve durar durante todo o segundo semestre deste ano e conta com 16 consórcios compostos por instituições financeiras e empresas do mercado. Em 2024, segundo calendário do Banco Central, deve haver ampliação do projeto até que as transações passem a ser liberadas entre o final do ano que vem e o início de 2025.

Como vai funcionar

O funcionamento das transações em real digital será por meio de tokens. A ideia é que o Drex seja uma moeda utilizada em atacado, para transações de grande porte, dando mais segurança às operações, e também no varejo. Será possível, por exemplo, comprar um imóvel utilizando o real digital, com pagamento instantâneo.

Vantagens do Drex

O Drex deve beneficiar, entre outras áreas, o mercado de investimentos, segundo a vice-presidente de negócios digitais e tecnologia do Banco do Brasil, Marisa Reghini. De acordo com a especialista, a nova tecnologia é uma possibilidade de melhorar os serviços bancários e ampliar o acesso à bancarização da população.

“Esse é um caso de uso que tem potencial para trazer comodidade aos clientes, melhorar a eficiência da operação, reduzir custos e ampliar o mercado”, diz.

O Drex está sendo criado e será operado pelo Banco Central. A expectativa da instituição é que o real digital se torne tão confiável quanto o Pix, que tem batido recordes de utilização. Segundo balanço da instituição, na última sexta-feira (4), o sistema de pagamentos bateu recorde, com o registro de 142,4 milhões de transações em um único dia. O recorde anterior havia sido registrado no dia 7 de julho, quando 134,8 milhões de transações foram realizadas.

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que tem participado das discussões sobre o real digital, a moeda vai funcionar como versão digital de cédulas e moedas emitidas em espécie, representando modernização nas transações financeiras.

A federação, que fez parte dos estudos técnicos, afirma que, na fase inicial, o real digital será mais usado por pessoas jurídicas, não chegando em larga escala a pessoas físicas, mercado que ainda vai se desenvolver. “Está sendo construída a infraestrutura que permita a tokenização desses depósitos e a partir daí, o cliente terá um leque de oportunidades para outros produtos e serviços no sistema financeiro”, diz nota da Febraban.

A advogada e sócia da equipe de mercado financeiro e de capitais do b/luz advogados,  Luciana Simões, afirma que não há diferença entre Drex e o real atual, valendo a mesma coisa.

“Não existe diferença entre o real e o Drex, sendo este apenas a representação digital da moeda física. Conforme explicado pelo BCB, o Drex poderá ser trocado por papel-moeda e vice-versa, e o acesso a ela será feito por meio de carteiras virtuais em bancos e outras instituições financeiras e de pagamento”, acrescenta a especialista.

Com informações Folha de S Paulo

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