A economia do Brasil encerra 2024 com resultados surpreendentemente positivos, contrariando projeções mais conservadoras. Este, inclusive, é o segundo ano consecutivo em que os economistas subestimam o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Mas o grande destaque ficou mesmo por conta do mercado de trabalho, com aumentos relevantes na renda média, na ocupação e na redução da taxa de desemprego, agora a menor da série histórica.
Contudo, toda essa bonança opera no limite. A inflação acelerou no segundo semestre, aproximando-se do teto da meta. No cenário externo, o Brasil registrou alta expressiva nas importações, enquanto as exportações recuaram marginalmente. Além disso, a Indústria alcançou a capacidade instalada máxima. Esses sinais indicam uma economia que ultrapassou o pleno emprego, com pressões inflacionárias crescentes.
O desequilíbrio fiscal também eleva os custos de empréstimos governamentais, reduzindo recursos disponíveis para o setor privado e desestimulando investimentos. No curto prazo, porém, os gastos públicos criam uma ilusão de prosperidade, incentivada pela dinâmica política e pela falta de foco no ajuste fiscal. Essa postura caracteriza-se como populista, ignorando os impactos negativos a longo prazo.
Nos últimos dois anos, a relação entre dívida e PIB cresceu cerca de 10%, enquanto a inflação acumulada ultrapassou o teto da meta. Esses indicadores reforçam a urgência de conter o descontrole fiscal, que tem prejudicado a estabilidade econômica.
Para 2025, há dois cenários prováveis. No primeiro, o governo adota um ajuste fiscal rigoroso. Mesmo que isso possa levar a uma desaceleração econômica inicial, cria condições para o aumento do investimento privado, aliviando as pressões inflacionárias e valorizando o câmbio. Esse equilíbrio pode permitir a redução dos juros, pavimentando o caminho para uma retomada mais sustentável em 2026.
Já no segundo cenário, o governo mantém uma política fiscal expansionista, agravando o desequilíbrio macroeconômico. A desvalorização cambial e a inflação elevada pressionariam ainda mais a taxa de juros, afetando negativamente o poder de compra e a renda da população. Essa abordagem poderia resultar em um choque econômico severo, com consequências desastrosas para o crescimento e a estabilidade.
Adicionalmente, o cenário externo pode complicar ainda mais a situação. A política comercial agressiva dos Estados Unidos, como as ameaças de Donald Trump de taxar exportações brasileiras, representa um risco importante, reforçando a necessidade de ajustes internos para fortalecer a resiliência econômica.
Em outras palavras, mais do que nunca, o futuro da economia brasileira depende da habilidade do governo de implementar uma política fiscal responsável. A escolha entre austeridade e continuidade da despesa excessiva definirá os rumos nacionais nos próximos anos.