PL que cria Código de Defesa do Contribuinte e prevê descontos em litígios fiscais é aprovado na Câmara

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (8) um projeto de lei que cria o Código de Defesa do Contribuinte. A proposta segue, agora, para o Senado.

Um dos objetivos do texto, que teve 301 votos a favor e 106 contrários, segundo o relator da matéria, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), é valorizar os chamados “bons pagadores”.

A proposta estabelece, por exemplo, que a categoria de bom pagador seja usada para concessão de descontos e de condições mais favoráveis à resolução de litígios fiscais.

A Fazenda Pública também poderá, segundo o texto, priorizar a análise de processos administrativos dos bons pagadores, bem como a devolução de créditos desse contribuinte.

A proposta prevê descontos progressivos de multa para o devedor, inclusive de juros de mora, que podem ser de:

  • 60%, caso o pagamento ocorra no prazo para apresentação da impugnação;
  • 40%, caso o pagamento ocorra durante a tramitação do processo administrativo em primeira instância até o encerramento do prazo para interposição do recurso voluntário;
  • 20%, nos demais casos, desde que o pagamento seja realizado até 20 dias após a constituição definitiva do crédito tributário.

A matéria prevê ainda que, se for identificado fato, que justifique a inclusão de terceiro como sujeito passivo da obrigação tributária após a constituição definitiva do crédito tributário, a Fazenda Pública deve solicitar “a instauração de incidente de desconsideração da personalidade jurídica na execução fiscal”.

Na avaliação de entidades vinculadas ao fisco, o dispositivo cria uma série de regras que favorecem a blindagem de sócios que atuam por meio de terceiros – ou “laranjas”.

O presidente do Sindifisco Nacional, Isac Falcão, afirma que a proposta “inviabiliza a repressão” à criação de estrutura de laranjas para o não pagamento de tributos.

“À medida em que você precisa de um incidente judicial para descaracterizar personalidade jurídica, isso é incompatível com o tempo de decadência de tributo, portanto inviabiliza a fiscalização desse tipo de sonegação fiscal”, disse.

“Se pessoas que tem interesse de sonegar vão ter a sua disposição esse tipo de recurso que não poderá ser combatido, isso vai resultar a necessidade de arrecadação adicional sobre todos os outros contribuintes que não usam esse tipo de expediente”, disse

Tribunal administrativo

O projeto estabelece, ainda, o direito ao duplo grau de jurisdição administrativa ao contribuinte.

“Trata-se de relevante princípio protetivo, e sua expressa previsão de aplicação aos processos administrativos fiscais alinha-se ao que já é determinado para as decisões administrativas proferidas no âmbito aduaneiro”, argumentou o relator da matéria.

Ainda de acordo com o texto, o tribunal administrativo pode ampliar as possibilidades de recursos, inclusive de ofício.

As decisões do tribunal administrativo devem acontecer de forma colegiada. Em caso de empate, segundo a proposta, a questão resolve-se favoravelmente ao contribuinte – o que, na prática, acaba com o voto de qualidade do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). O PT tentou retirar esse dispositivo durante a votação, mas foi derrotado.

Outra mudança é a exigência de que a decisão administrativa sobre a impugnação ou recurso do contribuinte seja proferida em, no máximo, um ano a partir da data do protocolo. Estourado o prazo, fica suspensa a incidência de juros de mora sobre o crédito tributário controvertido.

Opiniões divergentes

A proposta, porém, tem dividido entidades ligadas ao Fisco e é criticada por parlamentares da oposição.

Na avaliação do PSOL, partido que votou contra a matéria, uma série de medidas do projeto estimula o descumprimento do pagamento dos tributos e cria privilégios para uma parte dos contribuintes.

“Quer-se mudar a correlação de forças que há no tribunal favorecendo as empresas, retirando o papel do Fisco. O projeto, de maneira geral, já tem uma excessiva permissividade para esses grandes devedores do Estado e, ainda, em caso de disputa vai ter um peso muito maior para decisão desses próprios devedores”, disse a líder do PSOL, Sâmia Bomfim (SP).

Já o autor da matéria, deputado Filipe Rigoni (União-ES), a proposta dará “estabilidade jurídica para o pagador de imposto e o Fisco”.

“Com o Código, estamos garantindo direitos ao Pagador de Impostos. Hoje ele conta com uma série de deveres, mas não tem direitos respeitados”, disse. “Entre as medidas, por exemplo, na hora de fazer autuação, a Receita não poderá exigir pagamento de multa imediatamente. Ela vai ter que notificar primeiro o autuado. Estamos dando o direito das pessoas se defenderem. Os principais países do mundo já contam com o Código e no Brasil isso já se arrastava por décadas e hoje foi votado na câmara “.

O presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais Federais (Unafisco Nacional), Mauro Silva, disse se “surpreender” que um tema de tamanha complexidade fosse votado em regime de urgência sem que houvesse uma “ampla discussão” com a sociedade.

“Nossa principal crítica é que se votou um projeto muito complexo, abrangendo várias áreas, sem a devida discussão”, disse Mauro Silva.

“O projeto surge como Código de defesa do contribuinte, mas num conteúdo muito ruim para o interesse público, a ponto de ser chamado de código de defesa do Sonegador’. Ele sofreu avanços por parte do relator, mas ao avançar ele aumentou muito a complexidade [do projeto], o que desaconselha a ser votado em regime de urgência.”

Silva defende que o tema seja melhor debatido no Senado, amadurecendo por exemplo temas como desconto de multas.

“Claro que temos que dar um tratamento diferenciado ao bom contribuinte em relação àquele que sonega, sim, é uma visão com a qual a gente concorda. Mas o projeto não foi adequadamente amadurecido em vários pontos e a gente espera que no senado ele o seja”, afirmou.

Com informações g1

Nota fiscal do MEI é prorrogada para abril; entenda os impactos

O Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) prorrogou o prazo da obrigatoriedade de utilização da Nota Fiscal de Serviços eletrônica (NFS-e) pelo Microempreendedor Individual (MEI) de 1º de janeiro de 2023 para 3 de abril de 2023.

O objetivo é unificar e facilitar a rotina de cerca de 14 milhões de MEIs que poderão emitir a NFS-e em todo o território nacional.

De acordo com a consultora tributária Nathalia Lisboa, o fato de adiar a medida é justamente para que os empresários possam realizar novos fluxos de gestão para que a gestão tributária permaneça em dia.

“É, de fato, um tempo hábil para que antes da cobrança obrigatória, o empreendedor possa realizar uma prevenção e gestão interna antes mesmo de uma autuação e multas do fisco”, explica a especialista.

Segundo ela, o novo prazo será benéfico para os profissionais, que ganharão mais tempo para adaptar o novo modelo obrigatório para a emissão de notas fiscais de serviço que até então são facultativas.

Dessa forma, os MEIs terão tempo o suficiente para contratar uma contabilidade, ou até mesmo um sistema de emissão de notas fiscais para facilitar na rotina do trabalho.

Impactos no orçamento

Vale lembrar que o impacto orçamentário começará a partir do momento em que a NFS-e para MEIs se tornar obrigatória.

“A gestão fiscal no dia a dia não é simples, menos ainda por ter passado tantos anos de forma opcional, o que demandará do empresário um novo fluxo de obrigação fiscal”, alerta a consultora.

Salário mínimo para 2023 deve ser incluído na PEC de Transição no valor de R$ 1.320

O governo Lula, que assume o comando do Brasil em janeiro, deve sugerir ao Congresso o reajuste do salário mínimo para cerca de R$ 1.320 em 2023, ou seja, 1,4% acima do montante que consta na proposta orçamentária atual. A informação foi dada pelo senador eleito Wellington Dias (PT-PI).

O reajuste real do salário mínimo foi uma das principais promessas de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o valor deve ser apresentado na PEC da Transição.

Atualmente, a proposta orçamentária para o ano que vem, elaborada pela gestão de Jair Bolsonaro (PL), prevê um reajuste de 7,41%, passando dos atuais R$ 1.212 para R$ 1.302.

O senador Dias disse, em entrevista à Folha, que a nova regra deve considerar a média de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos cinco anos.

A regra beneficiará aposentados do INSS, que têm no reajuste real do mínimo a maior expectativa em relação ao terceiro mandato de Lula. Isso porque o mínimo é também o valor do piso das aposentadorias e de outros benefícios assistenciais e trabalhistas pagos pelo governo.

“Como tivemos PIB negativo nos últimos anos, a proposta a ser submetida ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), coordenador da transição, e por ele ao presidente Lula, é um índice de cerca de 1,4% acima do valor proposto na LOA (Lei Orçamentária Anual) para 2023 e, a partir de 2024, segue a regra da média do PIB nos últimos 5 anos”, disse o senador eleito.

A proposta de usar a média de cinco anos de referência do PIB, acrescenta, serve para evitar oscilações bruscas para cima ou para baixo no valor do mínimo.

“Neste caso, sendo aprovado, o salário mínimo deve ficar, em 2023, em cerca de R$ 1.320”, afirmou o senador eleito.

De acordo com ele, esse valor impulsionará a produção e o poder de compra da população.

Gasto para bancar valor estará na PEC da Transição

O gasto para bancar a diferença de R$ 17 no salário mínimo previsto para 2023 seria de aproximadamente R$ 6,4 bilhões.

Esse valor deve ser incluído na fatura da PEC da Transição, em negociação com o Congresso.

O senador eleito conversou, neste sábado (5), por telefone com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com alguns dos principais líderes do Congresso. A ideia é que a PEC seja submetida à análise de Lula e Alckmin até segunda-feira (7) e, em seguida, entregue ao Congresso na terça-feira (8).

A tendência é que a PEC comece a tramitar pelo Senado. Pacheco deve influenciar na decisão sobre quem será o relator, que não deve ser do PT.

A mudança na Constituição é considerada o caminho mais seguro pela equipe do governo eleito para permitir despesas extras sem esbarrar em regras fiscais, principalmente o teto de gastos —que limita o crescimento das despesas à variação da inflação.

Outras ideias, como o uso de uma medida provisória, também estão em análise, mas são consideradas menos prováveis.

O reajuste mais alto do salário mínimo é uma forma de resolver um impasse político. O mínimo também serve como base para o pagamento de benefícios previdenciários, assistenciais e trabalhistas.

Lula prometeu diversas vezes durante a campanha retomar a política de valorização do salário mínimo.

Com a apresentação da PEC e a necessidade de aprová-la ainda neste ano, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ampliou o poder de barganha junto ao novo governo eleito.

A votação da PEC até meados de dezembro é considerada fundamental para o primeiro ano da gestão Lula —e Lira tem forte influência sobre o ritmo de análise da proposta.

Com informações da Folha de S.Paulo

DBF: Receita Federal altera prazo de entrega da declaração

O prazo de entrega da Declaração de Benefícios Fiscais (DBF) foi alterado por meio de uma Instrução Normativa da Receita Federal, publicada no Diário Oficial da União no dia 31 de outubro de 2022.

Por meio dessa declaração, a Receita Federal recebe informações sobre doações realizadas que possuem repercussão tributária. Sendo assim, a DBF coleta dados referentes às seguintes movimentações:

  • Às doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente e aos Fundos do Idoso;
  • Aos investimentos feitos na produção de obras audiovisuais cinematográficas brasileiras;
  • Às doações e patrocínios de projetos culturais e artísticos;
  • Aos valores despendidos a título de aquisição do vale-cultura, do Programa de Cultura do Trabalhador;
  • Aos patrocínios ou doações no apoio direto a projetos desportivos e paradesportivos;
  • Aos projetos habilitados no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infra-Estrutura (Reidi);
  • Às doações e aos patrocínios a projetos do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon) e do Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/PCD);
  • Ao cancelamento, deferimento e indeferimento definitivos de pedidos de concessão e de renovação dos certificados de entidades beneficentes de assistência social.

O prazo de entrega, até 2022, era sempre o último dia útil de março. A partir de 2023, os dados do ano-calendário, imediatamente anterior, deverão ser transmitidos até o último dia útil de fevereiro.

A finalidade da antecipação do prazo de entrega da declaração é para que os dados apresentados passem a constar já na declaração pré-preenchida para envio da Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física (DIRPF) anual.

Vale ressaltar que a IN entrará em vigor em 1º de dezembro de 2022.

Veja a Instrução Normativa (IN), de 31 de outubro de 2022, que altera o prazo da DBF aqui

Com informações da Receita Federal

Pequenos negócios ganham mais prazo para renegociar dívidas ativas da União

O Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira (31) trouxe a portaria PGFN/ME nº 9.444 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que dá mais prazo para os donos de pequenos negócios negociarem suas dívidas ativas da União. O novo prazo segue até 30 de dezembro de 2022, às 19h. Entre os acordos de transação com prazos estendidos, destacam-se o Programa de Regularização do Simples Nacional e a Transação de Pequeno Valor.

Os benefícios para quem aderir às renegociações incluem entrada facilitada, prazo ampliado para pagamento e desconto. O Programa de Regularização do Simples Nacional, por exemplo, permite que a entrada, referente a 1% do valor total das inscrições selecionadas, seja parcelada em até oito meses. O pagamento do saldo restante poderá ser dividido em até 137 parcelas mensais, com desconto de até 100% dos acréscimos legais (juros, multas e encargo legal).

O valor mínimo da parcela é de R$ 25 para microempreendedor individual (MEI) e R$100 para microempresa e empresa de pequeno porte. Essa modalidade abrange débitos inscritos até 31 de outubro de 2022 e a desistência de outra negociação para adesão a esta modalidade deve ser realizada até 30 de novembro de 2022.

Para aderir, basta acessar o Regularize, portal digital de serviços da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), no endereço eletrônico: https://www.regularize.pgfn.gov.br/. Para pessoa jurídica é necessário ter cadastro no Regularize, inclusive os microempreendedores individuais (MEI). O acesso pode ser feito por senha, certificado digital ou por meio do portal e-CAC da Receita Federal, no menu “Dívida Ativa da União”.

Ao regularizar o seu negócio, o empreendedor pode obter a Certidão Negativa de Débitos (CND), ampliando o acesso a crédito e financiamentos, além de participar de compras públicas. Além da expedição da CND e da positiva com efeito de negativa (CP-EN), os acordos de transação trazem uma série de benefícios tais a suspensão de atos de cobrança administrativa ou judicial.

Transação de Pequeno Valor

Outra modalidade de acordo que teve o prazo prorrogado é o da Transação de Pequeno Valor, que possibilita ao contribuinte pagar os débitos inscritos em dívida ativa da União com benefícios, como entrada reduzida e descontos sobre o valor total. Essa modalidade abrange apenas débitos inscritos em dívida ativa há mais de um ano e cujo valor consolidado seja igual ou inferior a 60 salários-mínimos.

BC e Febraban lançam mutirão nacional de negociação de dívidas

Uma ação conjunta do Banco Central, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e de unidades do Procon de todo o país, oferece a oportunidade para que consumidores renegociem suas dívidas com bancos e instituições financeiras.

O tradicional Mutirão Nacional de Negociação de Dívidas e Orientação Financeira acontece de 1º a 30 de novembro, com a presença de mais de 160 instituições.

Podem participar pessoas físicas que tenham dívidas em atraso contraídas de bancos ou instituições financeiras não atreladas a bens dados em garantia.

O interessado deve acessar a página do Mutirão, onde encontrará orientações sobre como negociar a dívida em atraso, além de informações sobre como organizar suas finanças, melhorar sua saúde financeira e dicas sobre como identificar o superendividamento.

O banco tem o prazo de dez dias para analisar a solicitação e apresentar uma proposta.

Superendividamento

Neste ano, a campanha alertará os cidadãos sobre o superendividamento e a possibilidade de seu tratamento, conforme previsto na Lei 14.181/21.

Pela Lei, esses cidadãos superendividados têm direito à renegociação global, com todos os credores simultaneamente, possibilitando acordos mais adequados que a negociação com cada banco e a solução efetiva para o problema do superendividamento.

Por isso, a orientação é que as pessoas com suspeita de superendividamento não renegociem suas dívidas pelo Mutirão, mas busquem ajuda especializada nos órgãos de proteção e defesa do consumidor, cujos links estarão disponíveis na página do Mutirão.

As negociações do Mutirão serão realizadas por meio da plataforma Consumidor.gov.br ou dos canais diretos das instituições participantes, disponíveis na página do Mutirão.

O interessado, também, terá acesso ao link do Registrato, sistema do Banco Central com informações de dívidas com bancos e órgãos públicos, cheques devolvidos, contas, chaves Pix e operações de câmbio, e a plataforma de educação financeira Meu Bolso em Dia Febraban.

No Mutirão realizado em março de 2022, foram negociados 1,7 milhão de contratos em atraso.

“Os mutirões de renegociação das dívidas já fazem parte do nosso calendário anual, como um esforço permanente do setor para beneficiar os consumidores e ajudá-los a equilibrar suas finanças. Além da renegociação das dívidas, o consumidor tem acesso à plataforma de educação financeira com informações relevantes e de fácil compreensão, para que ele evite o endividamento de risco e melhore a sua vida financeira”, afirma o presidente da Febraban, Isaac Sidney.

A entidade destaca que chega a mais de 22 milhões o volume total de contratos em atraso repactuados no período da pandemia, entre 2020 e 2022, que superam R$ 1,1 trilhão de saldo negociado.

Com informações do Valor Econômico

IGP-M recua no mês de outubro e deve reduzir o reajuste de aluguéis

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), normalmente utilizado para corrigir o valor de aluguéis, recuou 0,97% em outubro, após duas quedas anteriores.

Com o resultado, o indicador, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), acumula alta de 5,58% no ano e de 6,52% em 12 meses, percentual que pode ser aplicado aos contratos com renovação em novembro.

Segundo especialistas, a retração do índice, desde agosto, reflete a diminuição dos preços de commodities e combustíveis.

O coordenador de índices da FGV, André Braz, apontou as reduções de óleo diesel (5,67%), leite in natura (7,56%), gasolina (3,74%) e leite longa vida (8,26%) como principais contribuições para a queda do IGP-M.

Cálculo IGP-M

Para calcular o índice, os técnicos coletam os preços ao produtor, os valores cobrados do consumidor e os custos da construção civil. A apuração é feita entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.

Entre os três componentes do indicador geral, o maior responsável pela retração foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que tem peso de 60% no cálculo, e caiu 1,44%.

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30%, subiu 0,5% em outubro. O Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), que entra com 10% na ponderação do IGP-M, recuou 0,04%.

No âmbito dos preços ao consumidor, as principais altas identificadas no levantamento da FGV ocorreram nos grupos saúde e cuidados pessoais (0,80%), vestuário (0,67%), habitação (0,63%) e alimentação (0,57%).

Na lista de quedas, além da gasolina e do leite longa vida, os consumidores se beneficiaram de reduções nos combos de telefonia, internet e TV por assinatura (2,45%), etanol (4,18%) e tarifas de eletricidade (0,45%)

O economista do Insper, Otto Nogami, observou que a grande contribuição dos combustíveis fósseis para a deflação do IGP-M é consequência “do represamento dos preços pela Petrobrás” e a eliminação ou redução dos impostos que incidem sobre estes produtos, além de energia e telecomunicações.

Segundo o economista, a queda do IGP-M pode dar a falsa impressão de que a inflação está sob controle.

“Mas não podemos deixar de considerar que a ação do governo sobre os preços de gasolina, energia elétrica residencial, telecomunicações e gás de botijão criou um cenário artificial, cujos desdobramentos virão no futuro, à medida que os preços desses itens deixem de ter os benefícios fiscais”, explica.

Com informações do Correio Braziliense

Contribuintes que caíram na malha fina e acertaram as contas com o Fisco recebem lote residual do IRPF hoje (31)

Nesta segunda-feira (31), a Receita Federal libera um lote residual da restituição do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) , para contribuintes que caíram na malha fina e acertaram as contas com o leão.

O pagamento será feito a 471.447 contribuintes que declararam em anos anteriores e agora foram contemplados. O valor total creditado é de R$ 800 milhões e o acerto será feito na conta do titular informada durante o preenchimento do IRPF.

Entre os contemplados, 6.483 têm mais de 80 anos, 54.365 têm entre 60 e 79 anos, 5.516 têm alguma deficiência física, mental ou doença grave e 23.070 têm o magistério como principal fonte de renda.

Se o contribuinte estava esperando a restituição nesse lote, mas não consta na lista dos contemplados, deverá entrar no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-CAC) e tirar o extrato da declaração. Se houver alguma pendência, o usuário poderá enviar uma declaração retificadora e esperar os próximos lotes da malha fina.

Se a restituição não for feita na conta informada, como no caso de contas bancárias desativadas, os valores ficarão disponíveis para saque por até um ano no Banco do Brasil.

Se o contribuinte não fizer o saque dentro do prazo, poderá solicitar novamente a retirada de valores no e-CAC, na opção “Declarações e Demonstrativos”, depois “Meu Imposto de Renda” e por fim “Solicitar restituição não resgatada na rede bancária”.

Simples Nacional: projeto que muda limites de faturamento avança na Câmara

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o projeto que aumenta o teto de enquadramento no Simples Nacional para os microempreendedores individuais e as micro e pequenas empresas.

Na visão do economista Fernando Gomes, a medida vai permitir que mais empresas possam ter acesso aos benefícios do Simples, um regime de tributação mais simplificado, com a unificação do recolhimento de vários tributos e alíquotas menores.

De acordo com o texto aprovado, os limites de faturamento anual passam de R$ 81 mil para R$ 144 mil no caso dos MEI; R$ 360 mil para R$ 869 mil para as microempresas; e R$ 4,8 milhões para R$ 8,69 milhões para as empresas de pequeno porte, com atualização anual pela inflação do ano anterior, o que pode diminuir a arrecadação tributária do Tesouro Nacional.

O economista lembra ainda que o projeto autoriza a contratação de contratação de até dois empregados pelos microempreendedores individuais, contra um funcionário permitido atualmente.

Limite de faturamento Simples Nacional

O projeto que muda o limite de faturamento para as empresas enquadradas no Simples Nacional já foi aprovado pelo Senado em agosto do ano passado. No texto original, do senador Jayme Campos (DEM-MT), o limite passaria para R$ 130 mil.

Como a CCJ da Câmara mudou o texto, o plenário deve confirmar o valor de R$ 144 mil, o texto deverá retornar ao Senado.

Com a aprovação final da Câmara e do Senado, e a eventual sanção do presidente Jair Bolsonaro (PL), o novo teto passará a valer a partir do início de 2023.

Com informações da Rádio Câmara

IRPF: equipe econômica estuda retirar dedução de gasto com saúde e ensino, mas Guedes refuta ideia

O fim dos descontos com despesas médicas e de educação no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) é defendido pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. A iniciativa causaria uma economia de R$ 30 bilhões para o caixa do governo e, assim, compensaria em parte as promessas que o presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição, tem feito na campanha.

A defesa da equipe econômica foi feita por escrito e o documento, obtido na íntegra pelo Estadão, tem dez páginas e anexos com sugestões de mudanças legislativas, e foi elaborado pela equipe da área fiscal do ministério após o primeiro turno.

Em nota ao Estadão, o ministro disse que “refuta a alegação de que pretende acabar com as deduções” e classificou a medida como “totalmente descabida de fundamento”. A assessoria do ministro afirmou que “não reconhece a validade do documento” ao qual o jornal teve acesso e que estudos são feitos de forma corriqueira na pasta.

Ainda segundo apurou o Estadão, Guedes avisou sua equipe que descredencia qualquer dessas propostas. A interlocutores, ele avisou que a Receita Federal está fazendo estudos para aumentar a faixa de isenção, única medida que estaria acertada.

No documento, os técnicos preveem que, com a reversão da dedução das despesas médicas, a economia seria de R$ 24,5 bilhões no ano cheio. Já o corte das deduções de despesas com educação permitiria um aumento de receita de R$ 5,5 bilhões.

A lei, hoje, não estabelece nenhum teto para deduções de despesas médicas da base de cálculo do Imposto de Renda. O limite para a dedução existe só no caso dos gastos com educação – é possível abater até R$ 3.561,50 por dependente.

Com as promessas de Bolsonaro na campanha eleitoral para 2023, a equipe econômica passou a rediscutir propostas para contrabalancear o impacto das medidas de aumento de gastos e melhorar as contas públicas depois das eleições. O Centrão, base de apoio do governo no Congresso, tem defendido iniciativas como alternativas ao teto de gatos.

Teto de gastos

Além do corte que atingiria a classe média, o documento prevê manutenção do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 (gasto extra de R$ 52 bilhões), correção da faixa de correção da tabela do IRPF (R$ 23 bilhões) e concessão de um 13.º para as mulheres beneficiárias do Auxílio Brasil que são chefes de família – esta última promessa anunciada um dia após o primeiro turno das eleições, no dia 3 de outubro.

Juntas, essas três propostas teriam impacto de R$ 86 bilhões no ano que vem. O problema é que não há espaço no teto de gastos, considerando a sua atual sistemática, para acomodar todas essas despesas extras já contratadas pelo presidente.

Na campanha eleitoral, o presidente renovou a promessa de ampliar para cinco salários mínimos (hoje, correspondentes a R$ 6.060) a faixa de correção do IRPF (atualmente, em R$ 1,9 mil).

A promessa de Bolsonaro para o IRPF foi seguida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto, apesar da recomendação técnica dos especialistas do partido, que consideram que uma correção muito forte da faixa de isenção seria uma medida tributária regressiva. Ou seja, que poderia aumentar as desigualdades do sistema tributário brasileiro que faz com que os mais pobres paguem proporcionalmente mais impostos do que os ricos.

A equipe de Guedes também recomendou a alteração da forma de correção de aposentadorias e pensões que são maiores do que o salário mínimo (hoje, R$ 1.212). Essa correção é feita hoje pelo INPC, índice que é maior do que o IPCA. Outra proposta apresentada pela equipe é a unificação dos pisos de saúde e de educação para Estados e municípios.

Algumas dessas medidas já vinham sendo estudadas desde o início do governo como parte da agenda liberal do ministro, e agora na eleição viraram problema para a equipe de campanha. O foco da equipe econômica ao estudar essas propostas consideradas “duras” seria evitar a necessidade de pedir uma licença para gastar (waiver) em 2023, como quer a equipe do ex-presidente Lula.

Sobre o documento, o ministério afirmou que “se trata de atividade recorrente a confecção de ensaios, estudos, proposições, cenários, análises, entre outros trabalhos, sob as mais diferentes visões por parte dos técnicos. Esse tipo de atividade não representa, de antemão a opinião, posição ou decisão do Ministério e do ministro”.

Para complementar: “Há cerca de um ano e meio, por exemplo, quando da discussão da reforma tributária, entre dezenas de ideias analisadas na ocasião, foi exposta uma sugestão de estudo preliminar para a dedução de despesas médicas e com educação, prontamente rechaçada, de forma categórica, pelo ministro, que determinou que ela ficasse fora da proposição apreciada pelo Congresso a partir de junho de 2021. À época, a proposta que mais teve apoio pelo ministro Paulo Guedes foi a do aumento da isenção das faixas do Imposto de Renda da Pessoa Física.”

Guedes já defendeu publicamente o fim das deduções. “Você hoje bota uma alíquota de 27,5% e depois deixa o cara deduzir, fica todo mundo juntando em casa papelzinho de dentista, papelzinho de médico. Isso além de ser regressivo, porque o pobre vai na assistência social depois não recebe refunding (reembolso) nenhum. Então é regressivo, é ineficiente. Melhor tira todas as deduções, abaixa um pouquinho a alíquota, é muito mais simples, não é?”, disse o ministro em 2019.

Antes, no Congresso, também já tinha defendido a medida. “É um tema caro para a classe média, que gasta com saúde e educação de seus filhos. O próprio Congresso, os próprios representantes, começaram a aprovar isso, parecia razoável. No final, você acaba tendo situações como essa, paradoxal. Os mais pobres, que são milhões e milhões, gastam 100 (bilhões de reais com o SUS) e você deixa para os mais favorecidos levarem R$ 20 bilhões. Claro que há algo errado aí. Claro que tem que se olhar isso”, afirmou na Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Ideias centrais da proposta

  • O documento

O estudo tem dez páginas e anexos com sugestões de mudanças legislativas e foi elaborado pela equipe da área fiscal do Ministério da Economia após o primeiro turno, sem aval do ministro Paulo Guedes

  • A retirada de deduções de despesas médicas

Os técnicos preveem que, com a reversão da dedução das despesas médicas, a economia chegue a R$ 24,5 bilhões no ano cheio

  • A retirada de deduções de despesas educacionais

Já o corte das deduções de despesas com educação permitiria um aumento de receita de R$ 5,5 bilhões

  • Como é hoje

A lei hoje não estabelece nenhum teto para deduções de despesas médicas da base de cálculo do Imposto de Renda. O limite para a dedução existe no caso dos gastos com educação – é possível abater até R$ 3.561,50 por dependente

  • O destino da receita que seria economizada

Os cerca de R$ 30 bilhões economizados ajudariam a bancar parte dos benefícios previstos no documento, como a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 , a correção da faixa de correção da tabela do IRPF e a concessão do 13.º para as mulheres que são chefes de família do Auxílio Brasil, esta última anunciada um dia após o primeiro turno das eleições, no dia 3 de outubro. As três medidas teriam impacto de R$ 86 bilhões em 2023

Fonte: Estadão